Segundo a Organização Mundial de Saúde, o stress pode ser considerado como uma reação adatativa a qualquer mudança que submete um indivíduo a importantes exigências na vida.
Classificou ainda que o stress é a «epidemia de saúde do século XXI», afetando cada vez mais pessoas a um nível global e constituindo uma realidade inescapável no mundo de hoje.
Sabemos que o stress tem grande impacto no nosso comportamento alimentar. Não só pelo facto de comermos emocionalmente mas também devido a inúmeros aspetos biológicos que advém do mesmo.
Infelizmente tive de aprender a lidar com o stress e se calhar da pior maneira.
Tive um 𝘣𝘶𝘳𝘯𝘰𝘶𝘵 entre o final da minha carreira por conta de outrem e no início da minha vida de empreendedora independente.
A minha cabeça não parava. Cheguei a um estado em que não conseguia estar de pé, ter energia para nada. Rigorosamente nada.
O meu corpo entrou num estado de exaustão e a solução imediata foi: DESCANSO forçado.
A partir daí tomei mais atenção à minha saúde mental e ao meu estilo de vida (muitooo) acelerado. Coloquei-me como prioridade, implementei novos hábitos e terapia assídua.
A alimentação continuou a ser um pilar fundamental e hoje em dia já sei lidar com o stress de uma outra forma.
Estes cenários têm sido cada vez mais comuns e por isso a partir do próximo ano (2021) o 𝘣𝘶𝘳𝘯𝘰𝘶𝘵 ou stress profissional, passará a ser considerado uma doença.
COMO SURGE O STRESS?
O stress aparece quando o nosso organismo se depara com um evento ao qual ocorre um ataque. Nesta fase o nosso organismo faz de tudo para se adaptar e responder à agressão.
No entanto, quando o stress contínuo se torna crónico, a capacidade de adaptação do organismo ficam dificultadas, sendo estas ultrapassadas. Assim, o equilíbrio interno fica comprometido e posteriormente aparecem as consequências, tais como: perturbação do sono, perturbações metabólicas, problemas cardíacos, depressão, etc.
COMO É QUE O NOSSO CORPO REAGE AO STRESS?
Quando nos deparamos com um evento stressante o nosso organismo ativa determinadas interações complexas entre o sistema nervoso e os mecanismos de secreção de hormonas.
Este processo depara-se com 3 fases:

Quando falamos num stress ocasional, falamos de um stress agudo. Aqui o sistema nervoso reage imediatamente através da libertação de adrenalina pelas glândulas situadas acima dos rins, as suprarrenais.
A adrenalina é fundamental pois favorece o fluxo de sangue e de oxigénio para os músculos. Assim o organismo fica em alerta e preparado para enfrentar o stress.
Contudo, o stress também tem o seu lado positivo e natural. O stress positivo é-nos fundamental pois permite-nos reagir numa situação de perigo.
Porém, quando uma situação de stress persiste o nosso organismo começa a libertar glucocorticoides (cortisol), que tem o poder de aumentar o nível de açúcar no sangue.
No entanto, a libertação de glucose fornece ao organismo, nomeadamente aos músculos, coração e cérebro, a energia necessária para lutar contra o stress: fase de resistência.
Além disso, num stress crónico: o organismo fica exausto e sem reservas de energia. Pode ainda desencadear irritabilidade, ansiedade, depressão, dores de cabeça e insónias.
O sistema gastrointestinal também fica afetado. Com a produção excessiva de glicose pelo fígado e sendo o organismo incapaz de tolerar este aumento, eleva o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2. Para além disso, pode também afetar o processo de digestão despoletando episódios de diarreia ou obstipação, náuseas, vómitos ou dores abdominais (gastrites).
AS CONSEQUÊNCIA DO CORTISOL
O cortisol em excesso para além de provocar um cansaço extremos geral, perturba a síntese de neuromediadores essenciais para o bem estar, nomeadamente a serotonina que se reflete no humor e no prazer. Assim, com a diminuição da serotonina pode potenciar depressão, alteração no apetite e um mau estar geral.
Independentemente da fase em que estejamos as reações da adaptação irão perturbar o equilíbrio fisiológico interno, conhecido como homeostase.
Estudos mostram-nos que efetivamente o stress crónico pode estar associado a um maior apetite por alimentos hipercalóricos, ricos em açúcar e gordura e por consequência a um aumento de peso.
O possível aparecimento de compulsão alimentar, para além de outros motivos, deve-se também ao contínuo aumento da concentração de cortisol como mencionado acima.
Salientando que a combinação de níveis elevados de cortisol com a ingestão de alimentos calóricos que por consequência promove o aumento da produção de insulina contribui para o aumento da gordura visceral (abdominal). Sendo que como o aparecimento de gordura na zona abdominal leva ao aumento dos níveis de cortisol, ou seja, entra-se num ciclo vicioso.
O QUE FAZER PARA MELHORAR O STRESS?
A Harvard Medical School salienta que em primeiro lugar é importante distinguir a fome associada ao stress da fome física.
Torna-se necessário encontrar um equilíbrio entre os significado que atribuímos ao stress e a resposta ao mesmo.
É um processo que implica uma mudança na relação com os alimentos.
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Ainda assim é importante mantermos o bem estar físico, emocional e mental. Neste sentido é importante assegurar a síntese de serotonina, dopamina, e da melatonina. Estas necessitam de uma concentração importante dos aminoácidos precursores, ou seja, a tirosina e o triptofano. No entanto, o magnésio também é fundamental.
Assim sendo, o consumo de alimentos tais como:
- Nozes;
- Cajus;
- Amêndoas;
- Soja;
- Bananas;
- Sementes de abóbora e sésamo;
- Chocolate negro;
- Leguminosas;
- Espinafres;
- Brócolos;
- Espargos;
- Cereais;
- Levedura de cerveja.
Poder-te-ão ajudar a assegurar o aporte nutricional necessário para o teu organismo.
Mas podes ainda adotar novos hábitos que vão potenciar um maior equilíbrio mental e emocional que se vai também refletir na libertação destas incríveis hormonas do bem estar.

Todos nós passamos por momentos de maior stress ao longo da vida e por isso é natural que aconteçam algumas perturbações alimentares. No entanto, o importante é que essas episódios não se tornem hábitos e haja um esforço para manter um estilo de vida ativo com uma alimentação variada e equilibrada.
Se hoje em dia vives num stress diário onde a tua saúde e alimentação ficam constantemente comprometidas, talvez esteja na altura de PARARES e olhares à tua volta e entenderes o que se está a passar.
Para voluntariamente em vez de parar forçosamente.
Alimenta a tua mente. 💚
